A Importância do Acompanhamento Nutricional no Controle do Diabetes Mellitus Tipo 2

Atualmente, é cada vez mais comum o crescimento constante de pessoas diagnosticadas com Diabetes Mellitus (DM), uma desordem metabólica de etiologias heterogêneas, que demonstra um quadro de hiperglicemia e distúrbios no metabolismo de macronutrientes, como carboidratos, proteínas e gorduras, proporcionados por falhas na secreção ou ação da insulina.
A prevenção ao diabetes tipo 2 é um assunto extremamente relevante na atualidade em proporção mundial, uma vez que a alta prevalência da doença torna-se cada vez mais evidente, o que muito provavelmente está diretamente relacionado com as fortes mudanças no estilo de vida, demonstradas pelo aumento da ingestão energética e redução da atividade física, que, juntamente com sobrepeso e obesidade, contribuem no aparecimento do diabetes.
Sabe-se, portanto, que a população mundial passa atualmente por uma fase de transição nutricional, com o aumento do consumo de produtos industrializados, ricos em calorias e com baixas concentrações de nutrientes. Assim, os maus hábitos alimentares e a obesidade são fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis, onde, neste caso, destaca-se o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2). Por este motivo, torna-se fundamental o acompanhamento nutricional, tanto no que tange aos sintomas da doença quanto aos fatores de risco associados, a fim de se atingir imediatamente o processo de educação nutricional e do estilo de vida mais adequado, no intuito de prevenir complicações, agravamentos, promovendo qualidade de vida.
O DM geralmente tem associação com dislipidemia, hipertensão arterial e disfunção endotelial. Neste sentido, vale salientar que evidências demonstram que dar forte atenção e importância a este problema de modo precoce evita internações e mortalidade por complicações cardiovasculares e cerebrovasculares.
Diferentemente do diabetes tipo 1, o diabetes tipo 2 pode ser adiado ou prevenido, através de mudanças de estilo de vida, como dieta equilibrada, suplementação alimentar (incluindo a Terapia Nutricional) e atividade física.
Tem sido bem documentado que o acompanhamento nutricional, realizado por nutricionista especialista favorece o controle glicêmico, promovendo redução de 1% a 2% nos níveis de hemoglobina glicada, independentemente do tipo de diabetes e tempo de diagnóstico.2, 3 Sabe-se, também, que quando associado a outros componentes do cuidado em diabetes, o acompanhamento nutricional pode melhorar ainda mais os parâmetros clínicos e metabólicos dessa doença.3,4,5
Em uma conduta nutricional do paciente, faz-se necessário considerar fatores como idade, diagnóstico nutricional, hábitos alimentares, condição socioeconômica, hábitos culturais e o meio em que o paciente vive, além do uso de medicamentos, seja para o próprio tratamento do diabetes (caso do paciente previamente diagnosticado) ou para outras comorbidades. É importante destacar que o paciente é o foco da abordagem, que deve ser individualizada e nunca generalizada, o que garantirá maior adesão dos envolvidos, além de uma continuidade no processo, uma vez que será considerada a realidade de cada indivíduo, permitindo uma troca compensatória.
Programas estruturados que enfatizam mudanças no estilo de vida, incluindo educação nutricional, restrição das concentrações de gorduras e energética, aliada à prática de exercício regular e monitoramento pelos profissionais de saúde, pode conduzir à perda de peso em longo prazo em torno de 5% a 7% do peso corporal.1,4,6,7
A partir do acompanhamento nutricional, espera-se alcançar, além do controle glicêmico, o desenvolvimento do autocuidado entre os portadores de diabetes, contribuindo para aumento da expectativa de vida, melhoria na qualidade de vida e redução da morbimortalidade em longo prazo, o que demonstra a importância da necessidade de uma intervenção educacional em caráter nutricional de forma sistematizada e permanente.
Referências:
- World Health Organization (WHO). Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases. Report of a joint FAO/WHO Expert Consultation. Geneva: Technical Report Series 916, 2003.
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