Fatores determinantes da Doença Cardiovascular no Brasil
Atividade física e alimentação saudável diminuem drasticamente o risco de doenças cardíacas.

O estilo de vida ocidental, baseado em uma alimentação inadequada, com uma rotina atribulada e estressante, aliado à falta de tempo e/ou disposição que desencadeiam o sedentarismo; o consumo excessivo de álcool e cigarro; as condições ambientais, como a poluição, o estresse e a violência, caracterizando aspectos sócio-culturais e ambientais peculiares; juntamente com o crescente processo de globalização em curso, tornando o mundo cada vez mais moderno e industrializado, representam os principais fatores determinantes das doenças cardiovasculares.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica os fatores de risco em dois grupos, um deles relacionado ao indivíduo e o outro relacionado ao ambiente. O primeiro grupo de fatores de risco subdivide-se em: geral (idade, sexo, escolaridade, herança genética), associados ao estilo de vida (tabagismo, dieta inadequada e sedentarismo) e intermediários ou biológicos (hipertensão arterial sistêmica – HAS, obesidade e hipercolesterolemia). No segundo grupo estão as condições socioeconômicas, culturais, ambientais e de urbanização1.
Diversos estudos mostraram o papel das dislipidemias (DLP; LDL – colesterol elevado e HDL – colesterol diminuído), HAS, fumo, idade e diabete melito (DM) como fatores de risco independente para a aterosclerose e consequente doença isquêmica do coração (DIC)2. A HAS é o mais importante fator de risco independente, relacionado ao AVC. Os fatores que potencializam os fatores independentes, como os denominados fatores predisponentes, são a história familiar de DIC, a obesidade, o sedentarismo, a etnia e os fatores psicossociais.
Os fatores de risco cardiovascular tornam-se preocupantes, também, entre as crianças, que substituem cada vez mais a atividade física pela TV ou vídeo game. Acredita-se que assistir TV tenha maior influência com ganho de peso por ser mais frequente na população e devido à influência da mídia com muitas propagandas de alimentos e líquidos calóricos3.
A alimentação brasileira baseia-se cada vez mais em alimentos industrializados, processados, gordurosos, como embutidos e frituras, com uma perceptível queda no consumo de frutas verduras e legumes, cereais, tubérculos e leguminosas, o que caracteriza uma transição nutricional, e como consequência, temos o aumento de doenças cardiovasculares, bem como de seus fatores de risco, hipertensão, obesidade, diabetes e carências nutricionais.
É importante salientar que a sociedade encontra-se, ainda, em processo de transição demográfica, o que determina um envelhecimento evidente da população, favorecendo o desenvolvimento de doenças do coração, assim como vivencia-se o processo de transição epidemiológica, no qual promoveu-se a alteração do perfil de morbidade e mortalidade da população, visto que, com a transição demográfica e as mudanças no modo de vida da população, as doenças transmissíveis, que antes eram as causas mais alarmantes para tais índices, cederam lugar para as DCNT.
- Nobre RCN, Domingues RZL, Silva AR, Colugnati, FAB, Tadde, JAAC. Prevalências de sobrepeso, obesidade e hábitos de vida associados ao risco cardiovascular em alunos do ensino fundamental. Rev Assoc Med Bras. 2006;52:118-24.
- Grundy SM, Pasternak R, Greenland P, Smith S JR, Fuster V. Assessment of cardiovascular risk by use of multiplerisk- factor assessment equations: a statement for healthcare professionals from the American Heart Association and the American College of Cardiology. Circulation. 1999;100:1481-92
- Swinburn B, Shelly A. Effects of TV time and other sedentary pursuits. Int J Obes. (Lond) 2008;32(Suppl 7):S132-6.