Dezembro, 2019

Fatores determinantes da Doença Cardiovascular no Brasil

Atividade física e alimentação saudável diminuem drasticamente o risco de doenças cardíacas.

O estilo de vida ocidental, baseado em uma alimentação inadequada, com uma rotina atribulada e estressante, aliado à falta de tempo e/ou disposição que desencadeiam o sedentarismo; o consumo excessivo de álcool e cigarro; as condições ambientais, como a poluição, o estresse e a violência, caracterizando aspectos sócio-culturais e ambientais peculiares; juntamente com o crescente processo de globalização em curso, tornando o mundo cada vez mais moderno e industrializado, representam os principais fatores determinantes das doenças cardiovasculares.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica os fatores de risco em dois grupos, um deles relacionado ao indivíduo e o outro relacionado ao ambiente. O primeiro grupo de fatores de risco subdivide-se em: geral (idade, sexo, escolaridade, herança genética), associados ao estilo de vida (tabagismo, dieta inadequada e sedentarismo) e intermediários ou biológicos (hipertensão arterial sistêmica – HAS, obesidade e hipercolesterolemia). No segundo grupo estão as condições socioeconômicas, culturais, ambientais e de urbanização1.

Diversos estudos mostraram o papel das dislipidemias (DLP; LDL – colesterol elevado e HDL – colesterol diminuído), HAS, fumo, idade e diabete melito (DM) como fatores de risco independente para a aterosclerose e consequente doença isquêmica do coração (DIC)2. A HAS é o mais importante fator de risco independente, relacionado ao AVC. Os fatores que potencializam os fatores independentes, como os denominados fatores predisponentes, são a história familiar de DIC, a obesidade, o sedentarismo, a etnia e os fatores psicossociais.

Os fatores de risco cardiovascular tornam-se preocupantes, também, entre as crianças, que substituem cada vez mais a atividade física pela TV ou vídeo game. Acredita-se que assistir TV tenha maior influência com ganho de peso por ser mais frequente na população e devido à influência da mídia com muitas propagandas de alimentos e líquidos calóricos3.

A alimentação brasileira baseia-se cada vez mais em alimentos industrializados, processados, gordurosos, como embutidos e frituras, com uma perceptível queda no consumo de frutas verduras e legumes, cereais, tubérculos e leguminosas, o que caracteriza uma transição nutricional, e como consequência, temos o aumento de doenças cardiovasculares, bem como de seus fatores de risco, hipertensão, obesidade, diabetes e carências nutricionais.

É importante salientar que a sociedade encontra-se, ainda, em processo de transição demográfica, o que determina um envelhecimento evidente da população, favorecendo o desenvolvimento de doenças do coração, assim como vivencia-se o processo de transição epidemiológica, no qual promoveu-se a alteração do perfil de morbidade e mortalidade da população, visto que, com a transição demográfica e as mudanças no modo de vida da população, as doenças transmissíveis, que antes eram as causas mais alarmantes para tais índices, cederam lugar para as DCNT.


  1. Nobre RCN, Domingues RZL, Silva AR, Colugnati, FAB, Tadde, JAAC. Prevalências de sobrepeso, obesidade e hábitos de vida associados ao risco cardiovascular em alunos do ensino fundamental. Rev Assoc Med Bras. 2006;52:118-24.
  2. Grundy SM, Pasternak R, Greenland P, Smith S JR, Fuster V. Assessment of cardiovascular risk by use of multiplerisk- factor assessment equations: a statement for healthcare professionals from the American Heart Association and the American College of Cardiology. Circulation. 1999;100:1481-92
  3. Swinburn B, Shelly A. Effects of TV time and other sedentary pursuits. Int J Obes. (Lond) 2008;32(Suppl 7):S132-6.

Daniele Izidoro Araujo Freitas
Nutricionista em Formação